terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

There's no grather love...

Idolatrar alguém pela sua arte é um tanto quanto estranho pra mim. Eu sinceramente nunca me imaginei nesse tipo de papel. É fato que eu sempre fui uma pessoa que me apaixonei por qualquer coisa. Um livro, um filme, uma atividade, uma música... Mas nunca me imaginei idolatrando uma pessoa por seu livro, filme, atividade, música. Não ao ponto que cheguei.

Explicar a sensação de ter alguém que você ouviu todas as músicas milhões de vezes, viu clipes e mais clipes, shows e mais shows, é impossível. Me arrepio até hoje só de lembrar aqueles dois homens negros e bonitos anunciando "Ladys and gentleman, Ms. Amy Winehouse". Era como se por um momento meu coração tivesse parado e as lágrimas surgiram muito mais do que involuntariamente, jorraram para fora de mim, meio que me dizendo: "Eu sei que é embaraçoso, mas você não pode controlar! Você a ama, mesmo ser ter dito um olá para ela". E era justamente isso. Eu a amo, completamente.

Sua performance no palco era cada vez mais inusitada, mais brilhante. Sem comentar nada imbecil e sem cabimento sobre o quanto de alcool que ela tinha ingerido (MEU DEUS! UM TEXTO SOBRE A AMY WINEHOUSE SEM DIZER QUE ELA É BEBADA E DROGADA!), ela foi extremamente brilhante do começo ao fim. Envolveu-me em uma atmosfera de brincadeira e sensualidade pronfunda e encantadora. Foi de menina a mulher em poucos segundos, brincou com o imaginário de seus espectadores, cada hora fingindo ser uma coisa. Por um momento, mulher segura e voraz, por outro, indefesa, insegura, alguém que precisa de colo. Transformava-se de delicada e gentil a rabigenta e grossa de uma maneira admirável. E o mais engraçado é que quase a vi dizer: "Faz parte do meu show, meu amor", dando uma gargalhada para todas aquelas pessoas que não compreendiam que tudo aquilo para ela não passava de um jogo, de uma encenação que ela explorava com todas as suas ferramentas, todos seus sentimentos. Para mim cada gesto, cada nota, cada música me mostrava uma face diferente da Amy, mostrava que tinha muito mais pra mostrar, deixava todos radiantes e implorando por mais.

Amy é perfeita na execução de seu trabalho. Canta as músicas com uma sinceridade e emoção digna de choro ou sorrisos no canto do rosto. Amy se expõe e coloca em suas composições partes importantes e extremamente íntimas de sua vida, tudo pela arte. E ela não parece incomodada com isso. O que lhe incomoda são as centenas de pessoas curiosas em saber coisas que ela não quis contar.

Sinto informar que o público não ajudou em nada em seu show. Muitos estavam ali para rir de seus vergonhosos passos tortos ou beber até cair se inspirando na "musa". No entanto, me sinto meio tola e ingênua de não esperar este tipo de público. Afinal no mundo atual as pessoas já não são julgadas por sua arte e sim pelos seus atos e polêmicas pessoais. E era justamente essa polêmica que tinha colocado Amy ali, infelizmente era o que movia pessoas a ouvi-la. Sinto repulsa por todas aquelas pessoas que foram em busca de barracos, cenas degradantes. Só consigo ter nojo de como as pessoas são mórbidas ao ponto de pagar (e bem caro, diga-se de passagem) só para ver a que situação o vício pode levar o homem.

O que me anima é que estas pessoas devem ter voltado para casa bem desoladas, pois a única coisa que puderam ver foi um show magnífico, uma performance incrível, excelentes músicos e alguns xingamentos.

É por isso, por Amy deixar tão claro em seu show de que não é apenas uma amostra do efeito de pessoas sem talento e polêmicas que fazem de tudo para estar na mídia, que eu saí do show a idolatrando cada vez mais.


Escrito dia 12/01/2011

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