Fim de ano, fim de período, inferno astral. Duas faculdades,
um curso, uma monografia. Domingo passado eu deitei na cama e disse: “É nessa
semana que eu tenho três crises de enxaqueca, uma amigdalite, uma dor na lombar
e acabo passando três dias em casa de repouso. Vambora”. A semana passou, hoje
é domingo de novo e fora as pouquíssimas horas dormidas, eu sobrevivi, sem nem
encostar nas enormes cartelas de remédio que levava na mochila em caso de
emergência. Sem dor, sem estresse, com sorriso.
Acontece que finalmente, eu estacompleto a minha semana, o
meu tempo e a minha disposição em coisas que me nutrem e me fazem feliz. Preencho
com amigos que eu tenho orgulho de estar ao lado e que a cada dia me apresentam
uma nova reflexão sobre a vida de um jeito bonito. E mais do que tudo, hoje eu
falo, falo, falo sem parar. Sobre todos os meus projetos, ideias, vontades. As
coisas literalmente deixaram de ficar somente na minha cabeça e ganharam uma
força enorme quando sairam pelo mundo, feito passarinho.
Acontece que eu aprendi a respeitar meu ritmo e meu corpo, aprendi
a colocar no meu horário um tempo para mim e mais do que tudo, eu sei que se
alguma coisa der errado no meio do caminho, não tem problema. Semântica não é
tão importante assim na minha vida e não faz tanta diferença tirar 2 ou 9 na
prova. E eu só preciso de 2 pra passar. Eu sei disso faz tempo, muito tempo.
Não canso de dizer por aí que prova não faz a menor diferença, que não quer
dizer nada sobre ninguém. Mas como era difícil falar isso pra mim mesma e
aceitar tirar 2 em uma prova – que no final talvez eu nem tenha ido tão “mal”
assim.
Acontece que, a duras penas, aprendi a fazer do obstáculo,
degrau. Ou caminho. E desde que passei a ver minha dor como forma de conhecer a
mim mesma, tudo na vida tomou outra proporção. Me sinto mais completa, mais eu,
mais pronta pra encarar o mundo que olha, não é nada fácil não. E é incrível
perceber a complexidade das coisas e de mim mesma sem ter medo disso. Encarar
as contradições, discussões e questões da vida sem simplificar, relativizar,
não. Me lanço no mundo, peito aberto, não tenho nada a perder.
Obrigada a todos os meus amigos e família que me acompanham no processo e fazem tudo ficar mais rico, complexo e completo.
Obrigada a todos os meus amigos e família que me acompanham no processo e fazem tudo ficar mais rico, complexo e completo.