domingo, 29 de agosto de 2010

Raspava as unhas na tempa do esmalte. Sentia-se... suja? Não, não é suja a palavra... Podre? Vazia? Despreparada? Não-mulher?
Os pensamentos eram tantos que se cruzavam todo o tempo fazendo um emaranhado tão difícil de explicar... Tão díficil de entender.
As sapatilhas sujas e largadas no chão.
O quarto bagunçado, os livros, os objetos decorativos. E ela sentia que nada era dela de verdade, nada a pertencia, ela não pertencia a nada.
Absolutamente nada.
E ela tentava sempre, sempre, pertecer a tudo que ela achava necessário, modificava a mobília do quarto quase toda semana tentando pertencer àquele espaço. Não era dela. As roupas tampouco. O sorriso, nem se fala.
As unhas malfeitas, as jóias, os documentos.
Nada.
E agora? Estava tão cansada de procurar... De mudar loucamente de vida a cada minuto, nunca estando satisfeita com nada. Por quê? Por que, meu deus, por quê? O que falta?
Sorria ironicamente quando uma palavra tão imbecil vinha a sua cabeça.
Fechou os olhos. Os pés mal apoiados na cadeira...
Nada.

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