quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

-Monje Panchen, gostaria de conversar com você...
-O que houve, pequena?
-Sabe o que é? Eu não sei mais até que ponto me auto-aprecio. Não que eu não me ame, mas eu já tenho a capacidade de amar muito mais a outro.
Ele abre um largo sorriso.
-É, mas é alguém que você gosta muito, não é?
-Muito mesmo.
-Então, agora você precisa praticar isso, com todos os outros seres.
-É que eu já me sinto tão plenamente completa e satisfeita amando esta pessoa mais do que a mim mesma... Parece que não preciso mais amar a ninguém, que atingi a plena felicidade assim.
-Tudo que causa felicidade, causa dor.
-Eu sei disso. Sei bem disso. A dor que sinto todos os dias. De qualquer forma, consigo tranformá-la em virtudes, ela que me alimenta, mesmo sendo dor.
-E se realmente acabar? Eu digo, a relação.
-Sim, sentirei uma dor na qual não sei se suportaria.
-É o problema do Samsara (o mundo mundano, cheio de sofrimentos e ciclos contaminados). Por isso você deve querer libertar-se e acumular virtudes, amando a quem não aprecias. E assim, pode se livrar da dor.
-De qualquer jeito, estou em um bom caminho, né? E sou muito abençoada por ter conseguido amar alguém mais que a mim mesma.
-Com certeza. Você já acumulou muitas virtudes para isso, sem dúvida.
-Então, não devo iniciar uma prática de renúncia, perante a esse amor, certo? Pois ele me faz feliz... Só estando feliz consigo beneficiar aos outros...
-A beneficiar aos outros e a esse amor que te consome. Não renuncies. Apenas saiba sobre a dor.
-Pode acreditar, eu sei bem.


Esses diálogos do dia-a-dia que parecem mesmo literários...

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